27 de Fevereiro, 2018
[ESPECIAL] Entrevista MUSICPT I João Couto
Depois de Fernando Daniel, Ana Bacalhau e Marco Rodrigues, a MUSICPORTUGAL e a UNIVERSAL MUSIC PORTUGAL juntam-se para mais uma grande entrevista. João Couto é o nosso quarto convidado!
Sobre João Couto... «nasci em Setembro de 1995 em Vila Nova de Gaia; por incentivo dos pais, fui aprender música, sem saber bem porquê, na altura parecia me inconcebível que os astros da MTV alguma vez tivessem sentado numa sala de aulas para aprender música; inspirado pela “cantautoria” dos Beatles e seus discípulos e por uma pop “à portuguesa” que se afirmava com uma confiança ainda maior e mais inspiradora, mais descomplexada que nunca com a língua de Camões e a sua sonoridade, fiz as minhas primeiras tentativas. As típicas lamechices de “primeira canção”, as breves ideias congeladas no gravador do telemóvel até chegar a uma canção “boa”, uma sobre um “Corolla”, sobre fugir nele. Sobre estar ao volante pela primeira vez; este percurso fez um inesperado desvio com a participação no “Ídolos” em 2015. Convidado para uma audição à custa de um vídeo amador gravado na varanda de casa com um ukulele, lá fui com a certeza de que ia ter uma história engraçada para contar e pouco mais; Mas em Agosto de 2015 saio vitorioso de um formato que em miúdo assistia religiosamente. Agora eu ocupava o topo do pódio, sem nunca sonhar que isso poderia acontecer.»
Nesta nova entrevista, João fala-nos mais um pouco de si, como surgiu a sua paixão pela música, o que aprendeu com a vitória no programa "Ídolos", e tudo sobre a música nova "Canção Só". Todas as respostas encontras na seguinte entrevista (em texto)!
Agradecimento especial à Mariana Morado (Digital Promotion I Universal Music Portugal), que teve o cuidado de preparar a entrevista para o nosso quarto convidado! Volto a apelar à tua partilha desta nova entrevista da MUSICPORTUGAL & UNIVERSAL MUSIC PORTUGAL.
- João, antes de mais, fala-nos um pouco de ti... em algumas palavras como te descreves?
Sou um rapaz do norte, bem disposto, bem humorado, tímido quanto baste, que adora cultura e arte, curioso por natureza, um "sentimentalão" incurável ainda assim sempre com a dose certa de cinismo a acompanhar. Amigo do amigo e acima de tudo um melómano de primeira apanha, e ninguém pode dizer o contrário.
- A tua biografia dá-nos conta de um “Best Of” do Rui Veloso, faixa 13! Porquê esta faixa?
O disco "O Melhor de Rui Veloso - 20 anos depois" foi responsável em grande parte por ter dito que queria ser cantor quando era miúdo, foi uma revelação imediata. Fosse outro CD qualquer no carro e a história podia ter sido outra. Eram canções orelhudas, cantadas em português por alguém sem pinta de estrela que ainda por cima cantava sobre o Porto, que mais se pode pedir? A faixa 13 era a "Não há estrelas no céu" e era a minha favorita. Pedia vezes e vezes sem conta que tocassem essa quando íamos em viagem e acabei inevitavelmente por "guardar" o número. Não sei explicar porquê aquela, a coisa boa de se ouvir música quando és só um miúdo é que não perderes tempo a justificar os teus gostos. Eu sabia que adorava aquela e ponto final, de tal maneira que a primeira vez que subi a um palco na vida foi para cantar essa música. É bonito como com o passar dos anos quanto mais a oiço mais gosto dela e mais apreço tenho pela letra que é tão certeira a descrever muitas das inseguranças que senti ao crescer.
- Como surgiu a tua paixão pela música?
Desde sempre que tenho a paixão pela música, foi uma coisa natural. Não há um momento específico que me tenha me levado a ela, sempre tive esta obsessão. Consumia um pouco de tudo do que ouvia na televisão e na rádio, desde o Top+ na RTP1 a tudo o que era canais de videoclipes (MTV, VH1...). A música e tudo o que ela englobava fascinou-me sempre mais do qualquer outra coisa. Era um miúdo muito tímido e a cantar, estranhamente, ganhava uma coragem inexplicável então agarrei-me a isso. É certo que a minha seriedade para com a música aumentou quando os meus pais me inscreveram em aulas de piano, formação e mais tarde guitarra. Saber que além de cantar podia-me acompanhar e até escrever canções deu um sentido de missão maior a essa paixão.
- Quem são as tuas influências a nível musical? E porquê?
São muitas. As maiores vêm de artistas como os Beatles, em particular o Paul McCartney (a minha maior referência), Rui Veloso, Bruce Springsteen, Elvis Costello, Brian Wilson, Jorge Palma, Sting, Paul Simon, Queen, Fleetwood Mac, Miguel Araújo, Samuel Úria, António Zambujo, Clã, Deolinda, Luísa Sobral, Marcelo Camelo, Stevie Wonder, só para nomear alguns. A vertente da autoria aliada à interpretação atrai-me sempre muito num artista porque sabes que inevitavelmente a música dele vai partir dum lugar pessoal. Além disso aprecio música com som muito orgânico, em que ouves instrumentos a dialogar, a respirar, sempre com melodias pegadiças e diretas, e isso sinto que é uma característica comum em todas as minhas influências.
- Tens alguma música a que possas chamar de "a música da tua vida"?
Não, não tenho. Há demasiadas músicas que mereciam esse título e por isso sou incapaz de escolher uma. De semana em semana fico obcecado por uma música ou disco diferente, vai sempre alternando. Há músicas diferentes que representam fases específicas da minha vida, desde o "Não Há estrelas no Céu", o "Eleanor Rigby", o "Born To Run", há tantas, mas algures por aí, entre essas e muitas outras estão as músicas que me tornaram na pessoa que sou hoje.
- Apareceste pela primeira vez ao público no programa "Ídolos" da SIC em 2015. Como te sentias ao início?
No início sentia-me bastante calmo e levei a experiência da maneira mais descomplexada possível até porque não tinha grandes expectativas para o meu futuro no programa. As minhas suspeitas não se confirmaram e à medida que ia avançando mais e mais obriguei-me a trabalhar e encarar aquela oportunidade com algum brio. Foi uma loucura mas no final de contas valeu muito a pena.
- O que aprendeste neste programa?
Aprendi acima de tudo a adaptar a minha voz e a minha presença a um palco daquela dimensão. Até ter ido ao programa só cantava e tocava em ambientes modestos e tive que me adaptar a um palco como aquele, com uma equipa técnica enorme por trás, uma produção grande, câmaras, som... e tens que te adaptar a isso e "desenrascar-te". Saí de lá uma pessoa mais ciente do que se passa por trás das cenas e por isso mais profissional. E o programa tinha um banda excelente por isso aproveitei cada oportunidade para tocar com eles nas minhas atuações e por isso ganhei confiança maior no contexto de banda.
- O que mudou na tua vida depois desse programa?
Deu-me a possibilidade de após terminar os estudos de dedicar-me à música a 100% (ia entrar no meu último ano de licenciatura após o programa). Era algo que não contava que acontecesse tão rápido. E com isso veio o objetivo máximo de escrever e criar um corpo de trabalho no qual dediquei todo o meu tempo e por causa do programa foi-me dada a oportunidade de o fazer sobre os moldes que sempre ambicionei com a equipa que sempre quis por trás dele. Em tudo resto foi uma transição tranquila. Sou uma pessoa pacata, pouco deslumbrada, por isso não fui atrás de grande mediatismo e entrei numa espécie de exílio auto-imposto para poder gravar, tocar e escrever sem pressões, e ainda bem que foi assim.
- Algum tempo depois, lanças o teu primeiro single... "Canção Só". Fala-nos desta música e do seu videoclipe!
Foi das primeiras músicas a ser trabalhada para o álbum em pré-produção. Era uma ideia que tinha guardada há uns anos e estava por concluir. Na altura em que estava ativamente a escrever e a recolher repertório para o disco deparei me de novo com ela numa pasta do computador. Passado tanto tempo chamou-me muito à atenção porque a gravação original já tinha aquele ritmo alegre e meio swingado e ainda assim só nessa gravação só trauteava sobre "vaguear" e "solidão" e outras coisas "negativas" e aquele contraste foi muito apelativo. E então trabalhei a música para que essa dualidade entre o otimismo da melodia e a insegurança meia irónica da letra funcionassem. Teve algumas versões até chegar ao disco e foi no álbum que se tornou nesta super canção pop. Cresceu muito e tenho muito orgulho nela. Quanto ao vídeo ele foi realizado pelo Edgar Ferreira que também teve a ideia brilhante para a narrativa e tratamento. Tinha dito na altura quando nos reunimos que queria um vídeo simples e assumidamente insólito, sou fã de vídeoclipes assim em plano de sequência e dentro dessa linha, porque são um desafio tão grande a nível de realização. O Édgar sugeriu então esta ideia de me colocar num barco a 2 milhas da costa, uma ideia que aceitei de rajada porque achei tão fora de caixa e uma metáfora visual tão perfeita para a música que não hesitei. A produção em si foi muito desafiante. Foram várias horas a equilibrar-me numa aiola em alto mar mas no final temos um vídeo do qual me orgulho muito porque além de ser uma imagem impressionante o twist no final anuncia a ironia da canção de maneira perfeita. Na letra da canção está escondida de forma subtil esta ideia de que esta solidão auto-imposta está a precisar de um resgate e o vídeo interpreta isso na perfeição.
- Como te sentes ao ouvir a tua música na rádio, por exemplo?
É um sonho tornado realidade. Oiço rádio desde sempre e é surreal perceber que estou agora também do outro lado das "ondas do ar". Para mim ouvir a nossa próxima canção favorita na rádio pela primeira vez é uma coisa mágica e tantas das minhas "primeira vezes" com muitas músicas foi com a rádio. É daquelas coisas que sinto que não morreu com este fenómeno do streaming. E é maravilhoso pensar que alguém pode ter ouvido um tema que eu escrevi pela primeira vez aí, neste caso a "Canção Só" que é um tema tão pessoa. Saber que ele entrou assim sem pedir licença no quotidiano das pessoas, e ainda por cima é tão bem recebido por essas mesmas pessoas é arrepiante só de pensar e estou mesmo grato por isso.
- Estás prestes a lançar o teu disco de estreia, que se chama "Carta Aberta"! O que nos podes revelar sobre este álbum?
É um disco diverso com um alinhamento muito dinâmico, música assumidamente pop mas muito orgânica e direta ao assunto. Tocado por músicos de primeira apanha e com uma produção e arranjos que me orgulham imenso da mão do João Martins, em que todas as canções são tratadas com um respeito notável e as melodias e as letras têm o protagonismo. É o reflexo perfeito do lugar em que estava a nível pessoal na altura em que estava a escrevê-lo. Soa a mim. No disco tenho quatro incríveis colaborações na escrita, de artistas que admiro imenso: o Samuel Úria, o Janeiro, o Pedro de Tróia e o próprio produtor do disco, o João Martins que no caso dele me ofereceu uma canção. Há coisas a puxar pelo rock, blues, jazz-pop, samba, "americana", pop com P-O-P grande mas tudo a passar por esse filtro que é minha forma de interpretar que dá uma coêrencia a tudo isto, sabe-se lá como. É seguro dizer que a "Canção Só" é só a ponta do icebergue.
- E o que podemos esperar mais de ti em 2018?
Que toque bastante, um bocado por todo o lado. Fazer estrada e tocar este disco até não poder mais. Durante tanto tempo foi um segredo meu e agora quero levá-lo para todo o lado e partilhá-lo com toda a gente. Espero também escrever mais (e já estou a começar) e adorava fazer mais colaborações. Há uma lista infindável de artistas portugueses hiper talentosos que me inspiram imenso com quem gostava de trabalhar e privar e espero que este ano consiga concretizar algumas dessas colaborações, seja em escrita ou a cantar. No fundo quero aprender mais, tocar mais e aos poucos abrir uma nova página.
- Aproveita agora o teu tempo de antena e deixa-nos uma mensagem a todos os teus fãs que vão poder ler esta entrevista na MUSICPORTUGAL.
(vídeo disponível neste artigo)
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